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Lavagens nasais. Quando, como e porque fazer?

30 Abr 2024 - 09:54

Lavagens nasais. Quando, como e porque fazer?

Numa altura em que as crises de alergia são mais comuns, fazer lavagens nasais em casa é, para muitos, uma opção. Algumas pessoas recorrem a esta prática para prevenir gripes e constipações, outras para atenuar os sintomas da sinusite. Mas quando é mais aconselhado fazer lavagens nasais? Quem deve fazê-las? E porquê?

Em esclarecimentos ao Viral, Rudolfo Montemor, otorrinolaringologista no Hospital Lusíadas Lisboa, explica os benefícios das lavagens nasais, como se fazem e em que circunstâncias. 

Quais os benefícios de fazer lavagens nasais?

Rudolfo Montemor começa por informar que “as lavagens nasais servem, sobretudo, para aliviar os sintomas nasais, como corrimento, comichão ou obstrução”. 

Além disso, acredita-se que esta prática melhora “a função mucociliar (ou seja, ajuda a eliminar o muco nasal) e diminui a inflamação e o inchaço dos tecidos intranasais”, aponta.

Por estes motivos, recomenda-se fazer lavagens nasais “quando há sintomas de inflamação nasal, seja por infeção” – com, “constipação, gripe e rinossinusite” – ou “por alergia” – como “rinite e asma”, salienta. 

Após uma “cirurgia nasal”, também se aconselham as lavagens nasais, com o intuito de “diminuir a inflamação” e de “reduzir a formação de crostas”, acrescenta o médico.

Quem deve e quem não deve fazer lavagens nasais?

O especialista lembra que “os doentes com sintomas nasais, sejam eles de causa alérgica ou infeciosa”, são aconselhados a fazer lavagens nasais.

Contudo, existem contraindicações. “Todos os doentes – principalmente crianças dos 2 aos 6 anos – com propensão para fazer otites” não devem recorrer a este método.

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Como explica Rudolfo Montemor, “as crianças têm as trompas de Eustáquio – canal que liga a parte de trás do nariz aos ouvidos – mais curtas e horizontais, podendo haver deslocamento das secreções do nariz para os ouvidos com a pressão das lavagens”.

Qual a forma correta de fazer uma lavagem nasal?

Segundo o otorrinolaringologista, “não há nenhuma regra que estabeleça o número de vezes” que se deve fazer as lavagens nasais, “mas recomenda-se 2 a 3 vezes por dia”.

Para isso é necessário usar-se “um líquido de irrigação, constituído por cloreto de sódio (sal de cozinha) diluído em água (destilada)”, refere o médico. 

Rudolfo Montemor salienta que o líquido usado “deve ser isotónico (concentração de 0,9% de cloreto de sódio, como o soro fisiológico) ou hipertónico (1,5 até 3%)”. 

Na visão do especialista, “estas soluções devem ser adquiridas em farmácias ou parafarmácias, pois só assim se garante o controlo de qualidade e as concentrações adequadas”. 

Isto porque “tentar misturar sal com água em casa, ou usar água do mar, é lesivo, pois vai dar origem a uma solução altamente hipertónica (com grande concentração de cloreto de sódio)”.

Fazer isso acaba por ser contraproducente. Porquê? Estas mezinhas podem “provocar mais irritação no nariz e consequentemente produzir mais corrimento”, sustenta.

Em termos práticos, como devem ser feitas as lavagens nasais? O ideal é que sejam executadas “com a cabeça fletida e queixo ao peito, rodando depois 90 graus para o lado”. Deste modo, “lava-se a narina que fica em cima para o líquido sair pela narina de baixo”, esclarece. 

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Além disso, o otorrinolaringologista recomenda que se “contraia a garganta como se estivesse a engolir, durante uns segundos, para evitar que o líquido saia pela boca”.

Apesar de ser um procedimento simples e benéfico, é necessário ter todos os cuidados mencionados, para não haver consequências indesejadas.

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Por exemplo, “se a aplicação for incorreta, pode causar hemorragias ou irritação nasal”, reforça Rudolfo Montemor. 

Para mais, conclui, se a lavagem “for feita com demasiada pressão, pode causar um traumatismo no ouvido, pois essa pressão é transmitida ao longo do trajeto, podendo enviar secreções nasais indesejadas” para lá.

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Otorrinolaringologia

30 Abr 2024 - 09:54

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